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Usina prometida há mais de uma década em Paranaíba é adiada novamente, e produção local segue beneficiando Minas Gerais.

- Silvana Nadir Garcia Machado MTE - 103/MS
- 15/07/2025
Por: Assessoria
A tão esperada instalação da usina de etanol e açúcar em Paranaíba (MS), anunciada pela Usina Coruripe em 2013, sofreu mais um adiamento, frustrando a população local e aprofundando questionamentos sobre os reais benefícios do empreendimento para o município. Apesar de ter sido projetada com um investimento de R$ 600 milhões e a promessa de gerar até 350 empregos diretos, a planta industrial ainda não saiu do papel após mais de 10 anos.
Executivos da Coruripe confirmaram nesta semana que a implantação da usina em Paranaíba e a expansão da unidade em União de Minas (MG) foram novamente postergadas. A justificativa apresentada pela empresa é o atual cenário econômico do país, com destaque para as altas taxas de juros, que, segundo a companhia, comprometem cerca de 80% de seu caixa operacional com o serviço de uma dívida estimada em R$ 3,75 bilhões.
Produção continua em solo paranaibense — mas sem retorno local
Apesar da ausência da planta industrial, a produção de cana-de-açúcar segue ativa em Paranaíba. Cerca de 10 mil hectares de terras estão comprometidos com o fornecimento da matéria-prima, mas todo o volume colhido é transportado para unidades da Coruripe em Minas Gerais. A empresa mantém contratos com produtores rurais locais, e a terra sul-mato-grossense segue gerando riqueza — só que para outro estado.
Um dos pontos mais críticos é o incentivo fiscal concedido pelo governo estadual. A usina foi beneficiada com uma redução de 67% no ICMS, incentivo mantido ao longo de três gestões, mesmo sem a concretização da fábrica. O cenário levanta dúvidas sobre o real retorno econômico da concessão e o papel de Paranaíba dentro da estratégia de expansão da empresa.
Coruripe lucra, Paranaíba espera
Em 2024, mesmo com queda de 3% na moagem total (15,8 milhões de toneladas) e recuo de 7% na produção de açúcar, a Usina Coruripe registrou receita líquida de R$ 4,8 bilhões. A empresa também já fixou 75% da safra 2025/26 com preços entre R$ 2.700 e R$ 2.800 por tonelada, valores acima da média atual do mercado.
O presidente da Coruripe, Mario Lorencatto, afirma que o projeto em Paranaíba não foi cancelado, apenas adiado, sem previsão de retomada. Enquanto isso, a planta de Limeira do Oeste (MG) recebeu investimentos e aumentou sua capacidade de moagem para 2,5 milhões de toneladas. Com isso, a capacidade total da Coruripe atingiu 16,2 milhões de toneladas por ano — nenhuma delas moídas em Mato Grosso do Sul.
Promessa adiada e expectativas frustradas
Para Paranaíba, o cenário é de frustração.
A cidade segue com sua terra explorada e sem contrapartidas proporcionais. O adiamento contínuo da instalação da usina alimenta o sentimento de descaso com a região, que, mesmo oferecendo condições fiscais e estruturais, continua à margem dos grandes investimentos da Coruripe.
A população e lideranças locais agora cobram respostas mais concretas — e principalmente, ações. Afinal, o que era uma promessa de desenvolvimento está se tornando um exemplo de como benefícios concedidos sem garantias podem deixar um município à espera de um futuro que insiste em não chegar.
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