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Servidores do Detran criticam fim da vistoria veicular para transferência.

- Silvana Nadir Garcia Machado MTE - 103/MS
- 17/06/2025
Por: Correio do Estado
O Congresso Nacional aprovou o
Projeto de Lei 3965/2021, que retira a obrigatoriedade da vistoria veicular no
momento da transferência de propriedade de automóveis. Atualmente, o Código de
Trânsito Brasileiro (CTB) exige a realização de vistoria técnica sempre que um
veículo é vendido, como forma de verificar a autenticidade do chassi, motor e
demais componentes, além de identificar possíveis adulterações ou pendências
administrativas.
Com a mudança aprovada pelo Legislativo,
essa verificação poderá ser substituída por uma simples “declaração de
procedência” assinada por comprador e vendedor, que deverão se responsabilizar
mutuamente sobre as condições do veículo. De acordo com Clayberson Ferraz,
presidente da Federação Nacional dos Sindicatos Estaduais dos Servidores dos
Detrans (Fetran), a ausência da vistoria de transferência acarretará um aumento
no número de automóveis furtados e roubados circulando livremente pelo país. Isso
afetará diretamente a segurança pública e a propriedade privada de quem investe
na aquisição de um carro, prejudicando especialmente as pessoas mais
vulneráveis e aquelas com pouca afinidade com a tecnologia.
Bruno Alves, diretor jurídico da
Fetran e presidente do Sindetran MS, alertou que, sem a vistoria realizada
pelos Detrans, haverá uma expansão do comércio ilegal de peças usadas, veículos
dublês e peças irregulares (como motores e câmbios recondicionados vendidos
como novos em veículos 0km, por exemplo). Esse cenário facilitará a atuação de
quadrilhas e do crime organizado em todo o país, além de elevar os custos da
contratação de seguros automotivos. Segundo ele, a possibilidade de problemas
jurídicos envolvendo compradores de veículos fará com que muitos brasileiros
pensem duas vezes antes de adquirir um carro usado, temendo perder o dinheiro
investido na compra do seu primeiro automóvel que, no Brasil, costuma ser um
seminovo.
A Fetran tem feito uma
mobilização nacional para que o presidente Lula vete ao menos parcialmente o
texto, em especial o inciso V do artigo 123, que trata diretamente da dispensa
da vistoria na transferência de propriedade. Na última semana, representantes
da entidade estiveram em Brasília para uma série de audiências com autoridades
do Ministério da Saúde, Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) e Casa Civil
da Presidência da República.
Além disso, técnicos da federação
realizaram reuniões com líderes partidários na Câmara dos Deputados e no
Senado, tanto da base do governo quanto da oposição, para reforçar os riscos da
medida. Caso a nova lei seja sancionada integralmente, ela entrará em vigor 90
dias após sua publicação. Se houver veto, parcial ou total, o projeto retorna
ao Congresso Nacional, que poderá manter ou derrubar a decisão presidencial em
sessão conjunta.
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